Muricy Ramalho não gosta, com razão. O que se chama de “Muricybol” é mal entendido e usado: ele tem a ver com o uso de 3 zagueiros. Ele diz respeito ao uso do esquema para melhor usar as características dos jogadores, com uma dose de pragmatismo para garantir o resultado.
No 4-2-3-1 que usa em seu retorno ao time paulista, Muricy explica o que de fato é seu estilo: toques na defesa para “passar o tempo”, objetividade no ataque, seja com ligações diretas ou com contra-golpes, posicionamentos definidos, com espaços iguais entre os jogadores quando o time defende e a principal: a tranquilidade.
O Goiás veio num 4-2-3-1 tido como “exemplar”: movimentação dos meias, Walter participando preparando e concluindo, compactação e saídas rápidas da defesa para o ataque, sempre em bloco. David, volante de mais saída, por vezes pressionava com os meias no 4-1-4-1, como manda a cartilha do “futebol moderno”.
Primeiro tempo de domínio goiano com muita bola aérea e movimentação, mas o posicionamento defensivo do São Paulo garantiu o empate. Muricy sempre fala que “só trabalha o posicionamento” e é visível: o time está mais agrupado e os jogadores possuem funções mais definidas.
A entrada de Araújo matou a velocidade na transição goiana, mas deu mais presença de área para Walter. O São Paulo se recolheu mais e passou a explorar o contra-golpe com Aloísio. Foi só numa falta de Rodrigo, ex-São Paulo de “Muricy”, que o time goiano conseguiu os 3 pontos.
Enderson Moreira salvou o Goiás do rebaixamento para a C em 2011, ganhou o Estadual e a Série B no ano seguinte e com mais um estadual e boa campanha no BR vai provando que pode ser técnico de ponta.
Muricy segue sua cartilha: é “Muricybol” sim, e não há problema nisso. Seu estilo é eficiente, ou seja, o que melhor usa seus recursos para o objetivo final, a vitória. Assim conseguiu tirar o São Paulo do Z-4 e o momento é outro, apesar da derrota.
Um choque de estilos e filosofias com o mesmo objetivo: vencer.